Sustentável
A nível prático, sustentável é o termo usado para descrever uma atividade econômica particular,
como por exemplo os planos para: pesca sustentável, produção
sustentável de energia, silvicultura e agricultura sustentável. Tais
planos são desenvolvidos por governos e iniciativa privada visando
ampliar a magnitude de uma determinada atividade enquanto protege o meio
ambiente e as comunidades humanas.
O termo desenvolvimento sustentável foi
divulgado no informativo nosso futuro comum (WCED, 1987) o qual cita
também três fatores das quais o desenvolvimento sustentável depende
completamente:
a) um alto valor deve ser dado aos
recursos naturais, á biodiversidade biológica e á purificação da água e
do ar, promovida pelo meio ambiente natural;
b) pessoas devem descobrir e trocar
informações sobre novas tecnologias que resultem em mais trabalho,
aperfeiçoem o uso de recursos naturais renováveis e aumentem a produção
de alimentos;
c) igualdade e justiça devem ser
promovidas entre todas as pessoas e gerações para reduzir a pobreza, a
violência e construir melhores comunidades.
Esses três fatores podem ser resumidos no tripé do desenvolvimento: Eficiência (sustentabilidade econômica); equidade (sustentabilidade social) e conservação (sustentabilidade ambiental).
No Southern African Perspectives (1997) foram reunidas outros seis aspectos do desenvolvimento sustentável:
a) ênfase na interdependência entre desenvolvimento e a conservação de recursos;
b) um horizonte de longo tempo;
c) a natureza multidimensional do
conceito que implica na dificuldade para conciliar interesses
governamentais e instituições acadêmicas;
d) incorpora externalidades ambientais
(no tempo, no espaço, de um setor para outro, de uma população para
outra) tratando-as como problemas não resolvidos;
e) possui enfoque participativo;
f) defende uma estreita relação entre pesquisa e política.
A conceitualização de desenvolvimento sustentável se baseia, grande parte, das inúmeras tentativas de enfrentar os erros, deficiências e injustiças do sistema industrializado imposto no período pós guerra.
Assim, a interpretação dos conceitos é muito variável, de acordo com o grau de consciência adquirida e dos interesses em jogo.
Só por esse pontos fundamentais do
desenvolvimento sustentável, percebemos em que, num pais onde vivemos
desastres ambientais, enchentes e uma população que joga lixo por todos
os lados, o desenvolvimento sustentável ainda está muito longe do nosso
alcance. Embora extremamente necessário.
E a sustentabilidade com isso?
O desenvolvimento sustentável é o que promove a sustentabilidade. Os planos de desenvolvimento sustentável buscam a sustentabilidade de duas maneiras:
a) Sustentabilidade tecnológica
São planos baseados na crença de que a
tecnologia pode expandir os limites das atividades econômicas e
solucionar a escassez de recursos, compensando danos ambientais.
Esses planos baseiam-se na inovação
tecnológica acoplada a um sistema de avaliação que reflete o verdadeiro
custo de uso e disponibilização dos recursos naturais, e são
desenvolvidos em resposta ao inevitável crescimento da população humana,
a urgente necessidade de mais trabalho e ao desejo de melhorar a
qualidade de vida das pessoas.
Os economistas referem-se a sustentabilidade tecnológica como uma fraca sustentabilidade,
pois é alcançada pela manutenção ou perpetuação do estoque de capital
total, ou seja, dos serviços e bens que satisfaçam as necessidades e
desejos humanos.
b) Sustentabilidade ecológica
São os planos que se fundamentam nos
avanços do conhecimento ecológico e de proteção ambiental, requerendo
níveis reduzidos ou estáveis de crescimento populacional e de uso dos
recursos naturais, para manter as atividades humanas dentro dos limites
impostos pelo meio ambiente.
Isso significa viver dentro da
capacidade de suporte do meio ou sustentação ecológica, onde os sistemas
naturais norteiam o modelo de desenvolvimento econômico, como por
exemplo: resíduos da construção civil torna-sem matéria prima para
outras atividades; uso dos recursos naturais a taxas renováveis, sem
exceder a capacidade natural de purificação da água e do ar.
Os economistas da linha ecológica denominam este tipo de sustentabilidade de forte sustentabilidade,
pois é determinado alto valor ao estoque de capital natural, ou seja,
aos serviços e bens fornecidos pelos ecossistemas naturais.
A sustentabilidade é promovida pelo
desenvolvimento sustentável, é determinada pelo anseio de condições
sociais e econômicas tais como altos níveis de participação da população
e baixos níveis de desemprego.
Ela é alcançada quando se satisfaz
igualmente as necessidades das gerações atuais e futuras sem a perda da
integridade do meio ambiente. Tudo isso significa que a sustentabilidade
é limitada pela capacidade do meio ambiente natural regenerar os
recursos naturais e absorver resíduos, em resposta as atividades sociais
e econômicas.
Os componentes principais da
sustentabilidade, assim como no desenvolvimento sustentável, envolvem
relações sociais, econômicas e ecológicas a nível loca, nacional ou
internacional.
Apesar da abundância de definições de
sustentabilidade na literatura, a maioria é voltada para o qualificação
do termo, enquanto o aspecto quantitativo quase não é debatido.
Abrangência do desenvolvimento sustentável
O desenvolvimento sustentável
encontra-se baseado em três níveis que devem estar interligados para que
possa atingir a máxima do seu conceito.
a) Perspectiva global
O qual enfrenta-se quatro grandes
desafios: o aumento global da temperatura, em função do efeito estufa
gerado pela emissão de gases da queima de combustíveis fósseis e a
destruição da vegetação consumidora de carbono; a perda de
biodiversidade como resultado da degradação dos habitats naturais e uso
de recursos naturais; a poluição de águas continentais pelos derrames de
petróleo e acumulação de resíduos nos oceanos e nos sistemas fluviais
internacionais; a destruição da camada de ozônio em função da emissão de
gases.
b) Perspectiva nacional
Exige dos governos a definição de
políticas claras para aumentar o bem estar presente sem comprometer o
bem estar futuro, dando ênfase no capital humano e no cuidado com o
estoque de recursos naturais.
c) Perspectiva local ou regional
A qual não só os municípios devem
ampliar as possibilidades de planejar políticas adequadas aos produtores
e executar a infraestrutura insuficiente, como também a organização da
iniciativa privada e dos cidadãos são vitais para aproveitar as
oportunidade macroeconômicas disponíveis, assim como os programas
sociais, de saúde e de educação para a população mais desprotegida.
Contradições da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável
A sustentabilidade é caracterizada
também por paradoxos, conflitos e tensões que talvez sejam sem solução.
Dentre algumas contradições podemos elencar:
a) Tecnologia e cultura: causa versus cura
Um fator chave na crise ambiental global.
A humanidade apresenta diversas formas
de manifestação cultural, das quais a tecnologia é a mais palpável e uma
das principais causas de impacto ambiental.
Sem a tecnologia encontrada em tudo, e
encorajando o aumento do consumo de recursos e produção de resíduos, a
sociedade estaria limitada por processos metabólicos dos simples
organismos biológicos que as compõem.
A mesma tecnologia que gera problemas, é usada intensivamente na sua solução.
b) Humildade versus arrogância
Apesar da crescente quantidade de
informações, a compreensão humana a respeito do meio ambiente global é
caracterizada por grandes incertezas.
É preciso ter humildade em reconhecer
que sabemos muito pouco e muito do que sabemos pode estar errado.
Humildade para reconhecer que o meio ambiente não está a nosso dispor,
não somos o topo da cadeia alimentar, e arrogância para ainda sim, tomar
decisões e levar adiante a ignorância sobre o meio ambiente.
c) Equidade: intergerações versus intragerações
Um mais significativos princípios morais dentro do conceito de sustentabilidade.
Se refere a preocupação de que as ações
humanas de hoje, poderão tonar o sistema de suporte de vida para as
gerações futuras inadequadas, ou mesmo inexistente.
Por outro lado, já presenciamos a desigualdade de acesso aos recursos entre pessoas no mundo todo.
A principal implicação desse princípio
moral está em forçar os sistemas institucionais raciocinem sobre as
diferenças de escala de tempo entre o que os seres humanos consomem e os
sistemas naturais conseguem repor.
d) Crescimento versus limites
Alguns pontos de vista defendem que a
união das palavras sustentável e desenvolvimento produzem um efeito
oposto, em função de que os modelos de desenvolvimento atuais tem sido
completamente insustentáveis e que são a atual causa dos desequilíbrios
ecológicos enfrentados.
Outros, como WCED acreditam numa forma
de crescimento que pressupõe a implantação de limites ecológicos, cuja
ideia tem sido rejeitada e debatida.
e) Interesses coletivos versus interesses individuais
É inegável a supremacia da individualidade na sociedade nos dias atuais.
Os indivíduos se esquecem que, geralmente, muito dos problemas coletivos surgem da soma de demandas e ações individuais.
Precisamos passar de uma postura de proprietários, para a postura de zeladores do ambiente, meio comum a todos.
f) Democracia: diversidade versus interesses
Em todo o mundo reforça-se a ideia de
que com a diversidade há maior capacidade de oferecer respostas para os
problemas humanos, o que gera a necessidade de mudanças estruturais até
então imutáveis.
A democratizada ação ambiental local
poderá ser completamente anulada por uma alteração global qualquer,
devido a impraticabilidade de ações que visem um objetivo em comum.
A auto determinação e a democracia
participativa são divulgadas ao mundo todo como direitos básicos, porém
esta meta contradiz a necessidade de ações significativas a nível
global, em conjunto.
g) Adaptabilidade versus resistência
As modernas sociedades industrializadas e
suas instituições são resistentes ás mudanças e essa resistência é um
dos maiores impedimentos para a promoção das principais mudanças que são
necessárias para a sustentabilidade.
Para realizar estas mudanças há a
necessidade de instituições flexíveis e adaptáveis, o que não seria
difícil uma vez que as estruturas sociais das industrias são montadas
pelo homem, que é o mais adaptável das espécies.
h) Otimização versus capacidade de reserva
Otimização é um pressuposição básica na
atualidade, ou seja, deve-se fazer o melhor uso dos recursos
disponíveis. É uma noção básica de economia que, os recursos não
utilizados são tratados como resíduos, e todas as coisas que podem ser
usadas são definidas como recursos riquezas.
Do ponto de vista ambiental, o resultado
mais crítico da otimização é considerar os recursos não utilizados como
resíduos, e para compensar, ampliar o uso dos recursos disponíveis ao
limite máximo.
Usando ao máximo o meio ambiente,
reduz-se muito a capacidade de reserva, que podem ser muito úteis se for
necessário se adaptar a novas situações.
O que podemos fazer?
Sustentabilidade é um processo que
envolvem várias vertentes precisando ainda de muitos debates em todos os
níveis da sociedade buscando:
a) reconhecer a necessidade de reduzir
seu excesso de consumo em benefício daqueles que não possuem condições
de consumir o mínimo necessário;
b) a mudança do modo de vida, privilegiando a redução ou eliminação de insumos não renováveis;
c) reciclagem em geral;
d) a educação ambiental em todas as suas facetas;
e) a conservação dos recursos hídricos, florestais e solos.
Ações como essa ajudam a não passar pela
dificuldade da escassez de recursos que é uma ameaça eminente já para
as gerações presentes.
Cada um fazer sua parte, tentar pensar
mais coletivamente e se conscientizar de que fazemos parte do meio
ambiente e o que fazemos com ele prejudicamos a nós mesmos, já são
primeiros passos em direção ao desenvolvimento sustentável.
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